The Hatter Crow had spent the winter nestled in a warm corner, sheltered from the biting winds, watching the world slumber beneath its quiet, frost-kissed veil. But now, the air was shifting, touched by the golden whispers of spring. The earth stirred with the hum of new life, stretching and unfurling beneath the sun’s gentle gaze. It was the season of awakening, the time when the world shook off its slumber and burst into bloom.

In the past, this was the moment the Hatter Crow had longed for—the return to his place beneath the open sky, where he could watch the flowers blossom and greet the familiar faces of the season. Through the years, he had known many such spots, each holding its own charm, but last year’s perch had been his favorite of all. When the cold winds called him away, he had left with a quiet hope—that when the world grew warm again, he would return to find it just as he had left it.

But now, something felt different. From his sheltered nook, he had heard unfamiliar noises, the rumble of machines, the sharp echoes of change. The voices of the wind carried whispers of buildings rising, of yellow giants tearing through the trees. A heaviness settled in his chest.

“The world is always changing,” he murmured to himself, “but what will I find when I return? Will I still hear the song of the morning birds? Will the turkeys still amble past, their feathered forms catching the light? And what of the geese, those great travelers who bring with them stories of faraway lands? Will they still pause in their journey to share their tales?”

The thought of their absence left a hollow ache in his heart. The rhythm of the seasons had always been his anchor, the familiar sights and sounds the threads that wove his days together. Without them, what would fill his soul?

For now, though, there was nothing to do but wait—wait and hope. Around him, his companions stirred, sharing his quiet anticipation. Soon, they would all step out into a world reborn, but what shape that world would take remained a mystery. And so, the Hatter Crow wrapped himself in the company of those who understood his longing, watching, listening, and dreaming of the days to come.

O Corvo do Chapéu Alto passou o Inverno aninhado num canto quente, protegido dos ventos cortantes, observando o mundo adormecer sob o seu véu silencioso e gelado. Mas agora, o ar começava a mudar, tocado pelos sussurros dourados da Primavera. A terra despertava com o murmúrio da nova vida, espreguiçando-se e desabrochando sob o olhar gentil do sol. Era a estação do renascimento, o momento em que o mundo sacudia o sono e explodia em flor.

Noutros tempos, este era o momento pelo qual o Corvo do Chapéu Alto ansiava: o regresso ao seu lugar sob o céu aberto, onde podia observar as flores a brotar e saudar os rostos familiares da estação. Ao longo dos anos, teve muitos refúgios, cada um com o seu encanto, mas o do ano passado fora o seu preferido. Quando os ventos frios o chamaram para longe, partiu com uma esperança silenciosa de que, quando o mundo voltasse a aquecer, encontraria tudo como deixara.

Mas agora, algo parecia diferente. Do seu recanto abrigado, ouvira sons desconhecidos, o rugido das máquinas, os ecos cortantes da mudança. O vento trazia-lhe murmúrios de edifícios a erguer-se, de gigantes amarelos a derrubar árvores. Um peso instalou-se-lhe no peito.

“O mundo está sempre a mudar”, murmurou para si, “mas o que encontrarei quando voltar? Ainda ouvirei o canto das aves matinais? Os perus ainda passearão por ali, as suas penas a brilhar à luz do dia? E os gansos, esses grandes viajantes que me trazem histórias de terras distantes, ainda farão aqui uma pausa para partilhar os seus contos?”

A ideia da sua ausência deixou um vazio no seu coração. O ritmo das estações sempre fora a sua âncora, os sons e visões familiares os fios que teciam os seus dias. Sem eles, o que preencheria a sua alma?

Por agora, porém, nada havia a fazer senão esperar, esperar e ter esperança. À sua volta, os seus companheiros mexiam-se, partilhando a sua antecipação silenciosa. Em breve, todos sairiam para um mundo renascido, mas que forma esse mundo tomaria, isso ainda era um mistério. E assim, o Corvo do Chapéu Alto envolveu-se na companhia dos que compreendiam a sua saudade, observando, ouvindo e sonhando com os dias que viriam.