There are days when nothing feels quite right. Maybe it’s a scratch in the throat, a heart a little too heavy, or just the kind of tired that doesn’t come from sleep. On those days, there’s only one thing to do: make Canja.
Canja de Galinha is the Portuguese version of chicken soup, simple, humble, and quietly magical. It asks for little and gives you everything. It’s the kind of meal that doesn’t need frills or fancy ingredients to be exactly what you need.
In Portugal, we even have an expression: “É canja!” It means “It’s easy!”—just like “a piece of cake” in English, though far more comforting if you ask me. After all, cake won’t soothe a sore body or warm a homesick heart like Canja can.
Whenever I feel under the weather, homesick, or just don’t have the energy to fuss over dinner, I return to this golden bowl of comfort. It’s more than food—it’s a memory of home, of grandmothers in aprons, of rainy afternoons and quiet kitchens.
My version is as simple as it gets:
A bit of chicken (whatever you have—thigh, breast, wing, even the bits you save for broth).
An onion, sliced into thick rounds (they melt into the broth just enough).
Salt and a good pinch of black pepper.
Water.
And then—either orzo or white rice, depending on what’s in the pantry.
Toss the chicken and onion into a pot of water and bring it to a gentle boil. Once it’s bubbling, add the pasta or rice and let it simmer on low for about 12 minutes. Add your salt and black pepper, and if you feel generous (or Portuguese), a spoonful of extra virgin olive oil. The good kind. If the bottle says “cold-pressed,” you’ve got the best kind in front of you. That little swirl of green gold brings everything together. Let it simmer for another minute or two, then turn off the heat and let it sit—just rest—for 10 to 15 minutes. This is important. Like all good things, Canja needs time to gather itself.
Serve with a single fresh mint leaf, if you have one. Not necessary, but somehow, it makes everything taste like childhood.
As for measurements? Well… this is a traditional Portuguese recipe. Which means: “as much as you like” and “as little as you need.” A pinch of this, a dash of that, and always—you’ll know when it tastes right.
Today was a Canja day. And as soon as that first spoonful touched my lips, I felt just a little bit more myself.
Because sometimes healing comes in a bowl, steaming and simple, and softly saying: you’re going to be okay.

Hoje Foi Dia de Canja
Há dias em que nada parece estar bem. Pode ser uma comichão na garganta, o coração um bocadinho mais pesado, ou apenas aquele cansaço que não se cura com uma boa noite de sono. Nesses dias, há só uma coisa a fazer: fazer Canja.
A Canja de Galinha é a versão portuguesa da chicken soup, chicken and rice soup ou chicken noodle soup, simples, humilde e discretamente mágica. Pede pouco e dá tudo. É aquele tipo de refeição que não precisa de grandes floreados ou ingredientes sofisticados para ser exatamente o que precisamos.
Em Portugal, até temos uma expressão: “É canja!” Quer dizer “É fácil!”, a equivalente na lingua inglesa a dizer: “a piece of cake”, embora a nossa versão, sinceramente, seja bem mais reconfortante. Afinal, um bolo não aquece um corpo doente nem consola um coração com saudades de casa como uma tigela de canja bem feita.
Sempre que me sinto adoentada, com saudades de casa ou sem energia para pensar no jantar, volto a este prato dourado de conforto. É mais do que comida—é memória. Memória da casa da avó, de tardes chuvosas, de cozinhas silenciosas e cheias de cuidado.
A minha versão é o mais simples possível:
Um pedaço de frango (o que houver—coxa, peito, asa, até aquelas partes que guardamos para fazer caldo).
Uma cebola cortada em rodelas grossas (que se desfazem no caldo, só o suficiente).
Sal e uma boa pitada de pimenta preta.
Água.
E depois—massinha miúda, como pevide ou bagos de arroz branco, conforme o que houver na despensa.
Coloca o frango e a cebola numa panela com água e leva a ferver suavemente. Quando começar a borbulhar, junta a massa ou o arroz e deixa cozinhar em lume brando por cerca de 12 minutos. Tempera com sal e pimenta preta. E se quiseres ser generosa (ou simplesmente portuguesa), junta uma colher de sopa de azeite virgem extra. Do bom. Se na garrafa disser cold-pressed (prensado a frio), então tens ali qualidade. Aquela pequena gota de ouro verde junta tudo.
Deixa ferver mais um ou dois minutos, depois desliga o lume e deixa a canja repousar por 10 a 15 minutos. Isto é importante. Como tudo o que é bom, a Canja precisa de tempo para se compor.
Serve com uma folha de hortelã fresca, se tiveres. Não é obrigatório, mas de alguma forma, faz tudo saber a infância.
Quantidades? Bem… isto é uma receita tradicional portuguesa. Ou seja: “quanto baste”, “um bocadinho disto”, “um nadinha daquilo”. E sempre—vais saber quando estiver no ponto.
Hoje foi dia de Canja. E assim que a primeira colher me tocou os lábios, senti-me logo um pouco mais eu.
Porque às vezes, a cura vem mesmo numa tigela—quente, simples—e sussurra baixinho: vais ficar bem.

