An All Season Table

An ode to life, one breakfast at a time

Brunch with Me, Myself and I


This morning, I sat at a table that felt like life itself — layered, rich, quiet, and full of stories. A little table for one, and yet… it felt like all the versions of me had pulled up a chair. The girl I was, the woman I am, and the dreamer of what’s still to come — all seated with a warm drink, some flowers, and a full heart.

Today’s breakfast table was my All Season table.

Every item laid before me whispered something familiar, something loving. Each belonged to a time and space that I carry in my heart — a patchwork of memories, some tender and others bold, but all deeply cherished.

The Tablecloth — A Legacy of Stories
The tablecloth was crocheted by my grandmother, my beloved Vóvó. I can still see her in her favorite chair, thread dancing between her fingers as effortlessly as the stories danced from her lips. She had a storyteller’s soul — the kind that made the ordinary feel extraordinary. She didn’t just tell tales; she passed on entire worlds. Some were from her childhood, others were local legends passed down through generations, and many were simply bits of daily life spun with humor, warmth, and meaning.

Sitting beside her — sometimes with homework, sometimes with nothing at all — I learned to listen. Really listen. Not just to her stories, but eventually to everyone’s. She opened the door to my own love for storytelling — a gift I now carry into everything I write and every soul I meet. That tablecloth? It’s not just fabric. It’s a thread that ties me to a lineage of wonder.

The Flowers — Rooted in the Now
The flowers are from the last neighborhood farmers market. Still vibrant, still bright. They remind me that life in the present — this unplanned, winding, surprising life — is worth noticing. I am surrounded by kind people, warm conversations, and quiet blessings. Life bloomed again when I wasn’t looking, and these flowers remind me to keep noticing the color.

The Vase — Love That Lingers
The vase once held flowers sent during a time of loss. They arrived in silence, speaking what words couldn’t. Now, it holds blooms from the market — joyful and fresh. But I remember what came before.

This vase, with its quiet presence, reminds me that some vessels carry more than one kind of beauty. That grief, in its own strange way, is simply love with no place to go.

And today, that love has found somewhere to rest again — among color, among fragrance, among moments of new life gently unfolding.

The Cup — A Pause Between Adventures
The colorful cup has never left home. It’s always been here, waiting patiently on the shelf. In my twenties, I’d sip from it while flipping through photo albums, organizing memories like postcards to my future self. Other times, I’d be planning my next escape — maps open, journal nearby, dreams scribbled in the margins.

The cup never needed to travel; it simply held space for the girl who did.

The Mug — Comfort in the Familiar
Then there’s the mug — white with roses and delicate golden lines, a little classic, a little old soul. It entered my life when I needed comfort, grounding, and a sense of belonging. A mug like that doesn’t just hold tea; it holds space. It says, “Stay awhile. Let yourself be still.” And sometimes, stillness is the bravest thing we can give ourselves.

The Plate — A Gift of Friendship
The plate was a gift from a dear friend. Someone who saw something beautiful in me at a time when I didn’t fully see it myself. It reminds me of the quiet strength in being loved by people who believe in you — and how that love can echo in the smallest things.

So here I am, at a very small table, having a very big moment.

In Portuguese, we say, “Devagar, que tenho pressa” — “Walk slowly, I’m in a hurry.”

In English, perhaps the closest would be:

“Go slow to go fast.”

It’s a reminder that grace often comes when we stop rushing. That presence is not wasted time — it’s where life actually happens.

So I sip slowly. I linger a little longer. I listen to the quiet company of objects, memory, and meaning. My All Season table isn’t grand. But it holds my whole life in soft, sweet symbols — and for today, that’s more than enough.

Uma Mesa de Todas as Estações

Uma ode à vida, uma manhã de cada vez

Different versions of me


Esta manhã, sentei-me a uma mesa que parecia conter a própria vida, cheia de camadas, rica, silenciosa, e repleta de histórias. Uma mesa preparada para uma só pessoa e, ainda assim,  parecia que todas as versões de mim eram os comensais. A menina que fui, a mulher que sou, e a sonhadora do que ainda está por vir, todas sentadas com uma bebida quente, umas flores e o coração cheio.

A minha mesa de pequeno-almoço hoje foi uma Mesa de Todas as Estações.

Cada objeto colocado à minha frente sussurrava algo familiar, algo cheio de ternura. Todos pertencem a um tempo e espaço que trago guardados no coração, uma colcha de retalhos, que nada mais eram do que memórias, algumas suaves, outras intensas, mas todas profundamente queridas.

A Toalha — Um Legado de Histórias

A toalha foi feita à mão pela minha avó, a minha querida Vóvó. Ainda a consigo ver na sua cadeira favorita, o fio a dançar entre os dedos com a mesma leveza com que as histórias saíam dos seus lábios. Tinha alma de contadora de histórias, daquelas que tornam o quotidiano em algo extraordinário. Não contava apenas histórias; transmitia mundos inteiros. Algumas eram da sua infância, outras eram lendas antigas passadas de geração em geração, e muitas eram simplesmente episódios do dia a dia contados com graça, afecto e significado.

Sentada ao lado dela, às vezes ocupada com os trabalhos da escola, outras vezes sem nada para fazer, aprendi a ouvir. A ouvir de verdade. Não só as histórias dela, mas, com o tempo, as de todos. Foi ela quem abriu em mim a porta para o gosto de contar histórias. Um presente que levo comigo em tudo o que escrevo e em cada pessoa que escuto.
Essa toalha? Não é só pano. É o fio que me liga a uma linhagem de encantamento.


As Flores — Enraizadas no Presente

As flores vieram do último mercado do bairro. Ainda vibrantes, ainda vivas. Lembram-me que o presente, este momento que vivo, e aconteceu sem planos, esta vida inesperada, cheia de curvas e surpresas, também merece ser saboreada. Estou rodeada por pessoas gentis, conversas ternas e bênçãos silenciosas. A vida voltou a florescer quando eu já não esperava, e estas flores lembram-me de continuar a notar a cor.


A Jarra — Amor que Permanece

A Jarra já acolheu flores que chegaram num momento de perda. Vieram em silêncio, a dizer aquilo que as palavras não conseguiam. Agora, enche-se com flores do mercado, alegres e frescas. Mas eu lembro-me do que veio antes.

Esta jarra, com a sua presença discreta, lembra-me que alguns recipientes guardam mais do que um tipo de beleza. Que o luto, no fundo, é amor sem ter para onde ir.

E hoje, esse amor encontrou um lugar para repousar  entre cores, perfumes e pequenos momentos de vida a desabrochar novamente.


O Copo— Uma Pausa Entre Aventuras

O copo colorido nunca saiu de casa. Sempre esteve ali, à espera, paciente, na prateleira. Nos meus vinte e poucos anos, bebia por ele  enquanto folheava álbuns de fotografias, a organizar memórias como postais para a minha versão futura. Outras vezes, estava a planear a próxima escapadinha, com mapas abertos, o diário por perto, sonhos rabiscados nas margens.
O copo nunca viajou, mas guardou os pensamentos de quem o fez.


A Caneca — Clássico Conforto

Depois, há a caneca branca, com rosas e linhas douradas, um pouco clássica, um pouco alma velha. Chegou à minha vida num momento em que eu precisava de conforto, de chão firme, de um lugar onde pertencer. Uma caneca assim não serve apenas chá; oferece espaço, requinte. Obriga a parar e saborear. Diz, “Fica. Respira. Está tudo bem.” E, às vezes, parar é o acto mais corajoso que podemos oferecer a nós mesmas.


O Prato — Um Presente de Amizade

O prato foi um presente de uma amiga querida. Alguém que viu algo bonito em mim numa altura em que eu própria não conseguia ver. Lembra-me da força silenciosa de ser amada por quem acredita em nós e de como esse amor ecoa nas coisas mais simples.

E assim estou eu, sentada a uma mesa pequenina, a viver um momento enorme.

Em português, dizemos

“Devagar, que tenho pressa.”

Em inglês, talvez a expressão mais próxima seja:

“Go slow to go fast.”
(Vai devagar para ires depressa.)

É um lembrete de que a graça, muitas vezes, vem quando deixamos de correr. Que a presença não é tempo desperdiçado é onde a vida verdadeiramente acontece.

Por isso, bebo devagar. Fico mais um bocadinho. Escuto a companhia silenciosa dos objetos, das memórias e do significado. A minha Mesa de Todas as Estações não é grandiosa. Mas guarda a minha vida inteira em pequenos símbolos doces e, por hoje, isso é mais do que suficiente.

Good Morning!

Leave a comment