I Miss The Market

I miss the market. I miss the market days.

I miss wandering down the aisles, letting my eyes—and not a list—decide what I would take home. There was never any point in making one; the mood was set by whatever caught my heart. Bread still warm from the oven. Fruit kissed by the morning sun. Flowers whose scent followed me like a secret companion.

I miss the gentle ritual of greeting people I only ever saw there—once a week, every week. Faces whose names I never knew, yet who felt like old friends met again after a long absence. A comfort that wrapped itself around me like a well-loved blanket—cozy, homely, safe.

I cried when I heard about the fire.

About the destruction.

About so many livelihoods suddenly at risk.

Once again, flames had taken a place that brought me comfort. This one in July, yet the pain carried the echo of another August, long ago, when fire stole away a part of Lisbon I loved. And that still hurts.

Now it stands there: its bones bare, charred yet unbroken. A place holding space for what was, and for what will be. Even in its silence, I hear the echoes—of stories, of spices, of smiles. Familiar, yet forever changed.



For the longest time, I couldn’t bring myself to return to that corner of the city. But eventually, I did—camera in hand.


I walked the same streets I once knew by heart. The turns were still there, the stones still sang beneath my feet, but the rhythm had shifted. Laughter echoed differently; familiar faces had faded, changed, or gone. Everything was familiar—yet nothing was quite the same.

And it still hurt.


I wait for the day when the market hums again—slowly, softly—rising from the ashes. Familiar, yes, but touched now by time, by loss, and above all, by love.

Sinto Falta dos Dias de Mercado

Tenho saudades do mercado. Saudades dos dias em que o mercado era o coração da manhã.

Tenho saudades de me perder nos corredores, deixando que fossem os olhos e não uma lista de compras a decidir o que levaria para casa. Nunca houve razão para fazer uma; o destino do cesto era traçado pelo que me roubava o coração: pão ainda morno, acabado de sair do forno, fruta acordada pelo sol da madrugada ou flores cujo perfume se prendia a mim como um segredo bem guardado.

Tenho saudades do gesto simples de cumprimentar aqueles que só via ali  uma vez por semana, todas as semanas. Rostos sem nome, mas com a familiaridade de amigos reencontrados depois de longos invernos. Um conforto que me envolvia como um cobertor gasto pelo uso, mas sempre fiel, acolhedor, caseiro, seguro.

Chorei quando soube do incêndio.

Da destruição.

De tantas vidas suspensas, de repente, no fio de um futuro incerto.

Mais uma vez, o fogo levou um lugar onde o meu coração encontrava abrigo. Este, em Julho, mas a dor trouxe o eco de outro Agosto, distante no tempo, quando as chamas roubaram uma parte de Lisboa que eu amava. E isso ainda dói.

Agora, lá está, o “meu” mercado: de ossos expostos, chamuscado, mas erguido. Um lugar que guarda espaço para o que foi e para o que virá. Mesmo no silêncio, continuam a ecoar histórias, aromas de especiarias, sorrisos. Familiar, mas para sempre transformado.

Durante muito tempo, não consegui regressar àquele canto da cidade onde moro. Mas um dia voltei, com a máquina fotográfica na mão.

Caminhei pelas mesmas ruas que um dia soube de cor. As esquinas estavam lá, as pedras ainda cantavam sob os meus pés, mas o compasso tinha mudado. As gargalhadas soavam de outra forma; os rostos familiares tinham desaparecido, mudado, ou partido. Tudo era familiar e, no entanto, nada era igual.

E ainda doeu.

Espero pelo dia em que o mercado volte a pulsar, devagar, suavemente, erguendo-se das cinzas. Familiar, sim, mas agora tocado pelo tempo, pela perda e, acima de tudo, pelo amor.

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