Há qualquer coisa nos dois extremos do dia que nos faz pensar em magia. Aqueles dois momentos em que o dia começa ou em que o dia acaba têm qualquer coisa de profundo, qualquer coisa de diferente que não nos deixa ficar indiferentes.
Quando um nascer do sol ou um pôr-do-sol não nos emociona , significa que a nossa alma está doente.
Roberto Gervaso
Sempre me interessei mais pelo pôr-do-sol do que pelo nascer, nunca fui uma pessoa madrugadora. Poucas vezes decidi assistir a um nascer do sol, por outro lado, sempre fiquei a admirar o pôr-do-sol. Fotografias “aos montes” do pôr-do-sol na praia, na cidade, na montanha, só porque sim, só porque estava lá.

Já o nascer… Só o aprecio em duas situações: ou fui arrastada para semelhante espectáculo (e é mesmo!) ou, por força das circunstâncias, como por exemplo, quando vou trabalhar.
Aquele impulso de ir vêr o nascer do sol, poucas vezes o tive. Mas agora, parece ser partida da Natureza, tenho a janela do meu quarto viradíssima para nascente e, como não tenho controle na luz que entra pelas janelas (terei que esperar 4 a 6 semanas para terem em stock as perseanas que quero!), assisto todos os dias ao nascer do sol! E que espectáculo! Que maneira esplêndida de acordar! Parece que algo em mim sabe que são horas de começar mais um novo dia e, mesmo antes do sol nascer já estou com um dos olhos abertos, qual pano de cena, a espera do início do canto da prima dona! Há qualquer coisa de mágico, qualquer coisa de instinto animal, qualquer coisa de informação ancestral que acorda no meu cérebro e lá estou eu pronta para começar mais um dia, mas primeiro tenho que assistir a todo aquele espectaáculo de cores! Parece que todo o meu eu segue o crescendo da luz. Parece que o meu eu ancestral não resiste áquela energia em forma de luz! E eu penso se os meus dias vão continuar a ser iguais uma vez que eu controle a entrada de luz no meu quarto. E eu pergunto se os meus dias irão a continuar a ser iguais a partir do momento em que eu decida que o sol só vai entrar no meu dia quando eu o deixar. Mas também sei, que sempre que puder, nos dias de trabalho, vou deixar que o Sol me acorde, docemente, lentamente, grandiosamente!

There’s something about the two ends of the day that feels like magic. Those moments when the day begins or ends carry a certain depth, something unique that never leaves us indifferent.
“When a sunrise or a sunset no longer moves us, it means our soul is unwell.” Roberto Gervaso
I’ve always been more drawn to sunsets than sunrises—I’ve never been an early riser. Rarely have I chosen to watch the sunrise, but I’ve always lingered to admire the sunset. Countless photos of sunsets—on the beach, in the city, in the mountains—just because, simply because I was there.
As for sunrises… I only truly appreciate them in two situations: either I’ve been pulled into witnessing such a spectacle (and it really is a spectacle), or by circumstance—like when I’m heading to work.
That urge to wake up and go watch the sunrise? I’ve felt it very few times. But now, nature seems to have played a trick on me—my bedroom window faces directly east. And since I currently have no way of blocking the light (I’ll have to wait 4 to 6 weeks for the blinds I want to be back in stock!), I now watch the sunrise every single day. And what a show it is! What a magnificent way to wake up.
It’s as if something inside me just knows it’s time to begin again, and even before the sun rises, one of my eyes is already open—like a stage curtain waiting for the prima donna’s entrance. There’s something magical, something primal, something ancestral that awakens in my mind. And there I am, ready to start another day—but first, I have to witness that full display of color.
It feels like every part of me follows the light’s crescendo. As if some ancient version of myself can’t resist that energy in the form of light. And I wonder if my days will still feel the same once I’m able to control the light coming into my room. I wonder if my days will change the moment I decide that the sun will only be allowed in when I say so.
But I also know this: whenever I can, even on workdays, I’ll let the Sun wake me—gently, slowly, gloriously.

