As férias grandes! Três meses em casa, sem escola, durante o Verão! Para mim começavam um mês demasiado tarde: Junho sempre foi o mês de festas em Lisboa e eu tinha que estar sempre a estudar para os exames finais!

Nunca fiquei sem ter nada que fazer durante aqueles meses, faltava era tempo! Tenho doces recordações desses dias de Verão: praia, brincar na rua, passeios com a avó, ir ao mercado e às compras, organização de “eventos”, as primeiras experiências fotográficas e… «O Comboio».

«O Comboio» nasceu num desses dias de Verão: no meio de brincadeiras, eu e a minha amiga, achámos que seria uma boa ideia criar uma revista com entrevistas, artigos de opinião (curtos), anedotas, adivinhas, concursos e até palavras cruzadas.

Entre pensar e “pôr mãos à obra”, foi um pulo e o trabalho começou: escrever à máquina, fazer fotocópias, revisão de provas, artes gráficas, queríamos ter tudo em ordem e fazer uma coisa à séria!

A revista que só saía nas férias e era distribuída pela família e amigos, passou a fazer parte dos nossos planos de férias durante algum tempo.

E vocês perguntam porquê de «O Comboio»? Porque na altura estávamos a ler um livro sobre comboios e houve algo que nos despertou a curiosidade sobre o funcionamento dos comboios, lembrámo-nos de escrever sobre o assunto, decidimos que seria o artigo de continuação na nossa publicação e não foi preciso mais para duas amigas criativas deitarem mãos à obra!

Talvez tenha sido assim, talvez não, mas é assim que eu recordo esse dia e quando exemplares de «O Comboio» me passaram pelas mãos as sensações voltaram com intensidade, as memórias podem não ser exactas mas os sentimentos são os mesmos e eu voltei a ser menina cheia de sonhos outra vez.

E afinal das contas os comboios não levam também saudades?

The Long Summer Holidays!
Three months at home, no school, during the summer!
For me, they always started a month too late: June has always been a month of festivals in Lisbon, and I had to be studying for final exams instead!
I never ran out of things to do during those months — what I lacked was time!
I have such sweet memories of those summer days: the beach, playing outside, walks with my grandmother, trips to the market and to the shops, organizing “events,” my first experiences with photography, and… The Train (O Comboio).

The Train was born on one of those summer days: in the middle of our games, my friend and I thought it would be a great idea to create a magazine with interviews, short opinion articles, jokes, riddles, contests, and even crossword puzzles.
From the moment we thought of it to actually putting our hands to work was just a small step, and we got straight to it: typing, making photocopies, proofreading, graphic design — we wanted everything well-organized, a real magazine!

The magazine, which was only published during the holidays and distributed among family and friends, became part of our summer plans for quite a while.

And you might ask why we called it The Train (O Comboio)?
Because at the time we were reading a book about trains, and something about how they worked sparked our curiosity.
We thought about writing an article on the subject, decided it would be a regular feature in our publication, and that was all it took for two creative friends to roll up their sleeves and get to work!
Maybe it happened exactly like that, maybe it didn’t, but that’s how I remember it — and when a few copies of The Train recently passed through my hands, all those feelings came rushing back.
The memories may not be precise, but the emotions are the same, and for a moment, I was a little girl full of dreams once again.

And after all, don’t trains also carry a little longing with them?